São Paulo viveu uma cena incomum em sua avenida mais movimentada. no mês de agosto: cerca de 50 pessoas caminharam em silêncio pela Avenida Paulista, em um ato simbólico contra a poluição sonora urbana. A Caminhada Silenciosa pela Despoluição Sonora, promovida pela Frente Cidadã pela Despoluição Sonora – uma coalizão formada por movimentos de moradores de diferentes regiões da cidade de São Paulo, mobilizados em torno de um problema que afeta diretamente a saúde pública: a poluição sonora urbana.

A ação contou com o apoio da ProAcústica e marcou o início da contagem regressiva para o Inter-Noise 2025 SP – o maior congresso internacional sobre controle de ruído, que foi realizado na capital paulista entre os dias 24 e 27 de agosto,

O encontro reuniu moradores de diversas regiões da cidade, profissionais da medicina, do direito, da engenharia acústica, pesquisadores, sindicatos e representantes do poder público. Também estiveram presentes os aprovados no último concurso para fiscais de posturas do município, que aguardam convocação, reforçando a urgência de medidas concretas de fiscalização.

Diferente das manifestações tradicionais, a caminhada não teve carro de som, faixas ou discursos. O silêncio foi a principal ferramenta de expressão, acompanhado por um medidor de ruído gigante, Sonômetro, que chamou atenção de quem passava pela via. A proposta foi clara: sensibilizar a sociedade e pressionar o poder público sobre os impactos do ruído excessivo na saúde física e mental da população. Segundo dados do Programa de Silêncio Urbano (PSIU), São Paulo registrou em 2024 uma média de 118 reclamações diárias de poluição sonora – um aumento de 117% em relação a 2019.

Mapa do ruído revela a intensidade do problema

Para demonstrar como a poluição atua na região o movimento “Paulista boa para todos”, um dos integrantes da Frente Cidadã, realizou – com o apoio das empresas associadas, Bracústica e Grom, e não associadas, Ciência Acústica e Otoh – os estudos e medições para criar um mapa de ruído da Avenida Paulista, revelando os níveis de pressão sonora em diferentes dias, horários e durante eventos.

Os dados mostram as diferenças de níveis de pressão sonora por dias da semana, horários e picos que acontecem quando a via recebe eventos e manifestações. Além de apresentar como o barulho impacta a vida urbana e reforçam a urgência de políticas públicas eficazes.

Esses números reforçam o alerta: a poluição sonora não é apenas incômoda – ela está diretamente ligada a problemas como estresse, distúrbios do sono, perda auditiva e doenças cardiovasculares. Segundo a OMS, o ruído urbano é o segundo maior fator ambiental de risco à saúde, atrás apenas da poluição do ar.